O caso do nível do mar

Os modelos prevêem uma elevação suplementar do nível do mar de 15 cm a 95 cm daqui até ao ano 2100 […] devido à dilatação térmica das águas dos oceanos […] e […] da fusão das calotes glaciares e dos glaciares" Esta previsão segue-se a estimativas anteriores bastante mais dramáticas, então expressas em metros, mas progressivamente minimizadas. Qual é a verdade desta ameaça permanente sobre "as zonas costeiras e as pequenas ilhas"? Afastemos imediatamente a maior ameaça de todas, a do Antárctico (que fazia subir, em teoria, 70 m o nível dos oceanos). A sua situação é notavelmente estável: "O grosso da calote antárctica não sofreu qualquer fusão desde a sua formação, ou seja, desde há 60 milhões de anos" . A observação dos satélites mostra mesmo que no decurso do período 1979-1999, que é aquele em que se supõe ter havido uma maior elevação de temperatura, houve um aumento da superfície do gelo à volta do continente antárctico. O gelo da Gronelândia está protegido pelo relevo, não podendo o oceano provocar a desagregação de uma parte dos bancos de gelo que produziria os icebergues . Além disso, a maior parte da sua superfície do gelo situa-se a mais de 2000 m de altitude onde o ar permanece frio. Observa-se uma alternância de zonas de fusão e de ganho de massa, mas no conjunto o gelo gronelandês permanece estável. Que problemas existem então para se falar tanto nos perigos da Gronelândia? O dos glaciares de montanha? Eles não representam se não um milésimo do volume total dos gelos. Por outro lado, os glaciares "já registaram no passado flutuações mais importantes do que as que se verificam actualmente", onde em todo o planeta existem glaciares que recuam (por exemplo, na vertente exposta ao Sul do Alasca) como há glaciares que avançam (nomeadamente na Escandinávia). Eis pois uma forma aparentemente simples de raciocínio – "Faz calor, o gelo funde" – que não funciona bem na Natureza!


Marcel Leroux - Professor de Climatologia da Universidade Jean Moulin, Lyon III, França, director do Laboratório de Climatologia do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), França.

Comments:

Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?